quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

IMPORTÂNCIA DA LEITURA COMO FONTE DE CONHECIMENTO E PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE

Para conhecimento, escrito pela professora Ana Lucia Machado em seu livro Interpretação e Produção de Textos no curso de letras pela UNIP.


“Ler significa aproximar-se de algo que acaba de ganhar existência.”
                                                                               Ítalo Calvino

Interpretação e Produção de Textos é uma disciplina que abrange o básico do uso da língua: a leitura e a produção. O tempo todo nós usamos a língua portuguesa, ou seja, o tempo todo falamos, ouvimos, lemos e escrevemos, e, quando praticamos essas ações, estamos, na verdade, interpretando e produzindo textos.
A nossa volta está cheia de textos: conversações entre os familiares, os colegas, as crianças, em casa, no local de trabalho, nas ruas; recados, MSN, torpedo, twitter; informações em outdoors, placas, embalagens; notícias televisivas, novelas, filmes; pesquisas em jornais, livros, sites.
A comunicação é mediada por uma infinidade de signos. Na atualidade, em que a comunicação é interplanetária, estabelecemos infinitas conexões com pessoas de todos os cantos do mundo, o que nos obriga a decodificar um universo poderoso de mensagens e a nos adaptar a elas: comunidades virtuais do Orkut, conversas pelo MSN, compras e negócios fechados pela rede, e tem mais, se essa informação foi dominantemente verbal até o momento, agora também se torna visual com a chegada do YouTube.
Sabemos o quanto a força da imagem exerce fascínio e entendemos, definitivamente, que não há mais como sobreviver neste mundo sem que tenhamos de adaptar-nos constantemente às novas e diferentes linguagens disponíveis.

Observação

A palavra signo é usada em vários contextos. O mais trivial, poderíamos dizer assim, é o astrológico. No contexto dos estudos da língua, signo quer dizer unidade significativa de qualquer língua, dotada de duas faces:
significante (imagem acústica) e significado (conceito). Daí que toda e qualquer palavra da nossa língua é um signo.
Entretanto, da leitura também fazem parte textos que não usam a língua. Podemos ler um olhar, um gesto, um sorriso, um mapa, uma obra de arte, pegadas na areia, nuvens carregadas no céu, sinais de fumaça avistados ao longe e tantos outros. Lemos até mesmo o silêncio!

A leitura sensorial é um dos níveis de leitura e tem como base os cinco sentidos: tato, paladar, audição, olfato e visão.
É fundamental reconhecer que o sentido de todas as coisas chega até nós, principalmente, por meio do olhar, da compreensão e da interpretação dos múltiplos signos que enxergamos, desde os mais corriqueiros – nomes de ruas, por exemplo – até os mais complexos – como é o caso de uma poesia repleta de metáforas. O sentido das coisas, portanto, vem até nós por meio da leitura, um ato individual de construção de significado num contexto que se configura mediante a interação autor/texto/leitor.
A leitura é uma atividade que solicita intensa participação do leitor e exige muito mais que o simples
conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores (autor e leitor): o leitor é, necessariamente,
levado a mobilizar uma série de estratégias, tanto de ordem linguística quanto de ordem cognitivo-discursiva,
com a finalidade de levantar hipóteses, validar ou não essas hipóteses, preencher as lacunas que o texto possa
apresentar, enfim, participar de forma ativa da construção do sentido do texto. Dessa forma, autor e leitor
devem ser vistos como “estrategistas” na interação por meio da linguagem. É nesse intercâmbio de leituras
que se refinam, se reajustam e se redimensionam hipóteses de significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos outros, do mundo e de nós mesmos.
O exercício pleno da cidadania passa, necessariamente, pela garantia de acesso aos conhecimentos construídos e acumulados e às informações disponíveis socialmente. E a leitura é a chave dessa conquista.


 Leitura como experiência pessoal

A leitura perpassa nossa vida. Ela começa quando nascemos, quando passamos a distinguir luz e movimento. Como os olhos são os instrumentos da visão, é através deles que formamos uma memória visual. As células nervosas dos olhos são sensíveis à luz; elas captam imagens e transmitem a informação para o cérebro, através do nervo óptico, e no cérebro as imagens são decodificadas.
Ao nascer, reagimos instintivamente ao toque e agarramos qualquer objeto colocado em nossa mão. Também reagimos com prazer ao calor, à maciez e à pressão suave. Além da leitura tátil, desde tenra idade igualmente fazemos a leitura gustativa, afinal, as papilas gustativas que temos na boca identificam diferentes sabores. A língua tem áreas específicas para cada tipo de sabor: amargo na parte posterior, azedo nos lados, salgado no meio e doce na ponta. Sabores ácidos, amargos ou azedos provocam caretas nos bebês,  enquanto uma mamadeira com leite adocicado os leva a sugar com mais vontade.

Quer leitura mais importante do que distinguir e reagir ao cheiro da mãe? Por meio da sensibilidade
do olfato associamos o cheirinho da mamãe à fonte de conforto, prazer e alimento. No entanto, dela
reconhecemos não apenas o cheiro, mas também a voz.

Saiba mais

Já assistiu ao excelente filme Os cinco sentidos? Trata-se de uma história sobre pessoas em busca de relações humanas. Todas elas, de alguma forma, perderam um dos sentidos. Em comum, só têm o fato de morarem no mesmo prédio. Uma história sensível sobre pessoas normais, com qualidades e defeitos, e suas relações com o mundo.
Os cinco sentidos. Dir. Jeremy Podeswa, 105 minutos, EUA, 2000.
Retomando a leitura visual, agora vamos fazer uma experiência. Quer experimentar? Que livro você
escolheria para ler, tendo por único critério o design da capa?
A escolha feita por você é o resultado da leitura visual. A capa que agradou mais sua sensibilidade
visual foi a escolhida.
Todos temos experiência leitora, afinal, lemos o tempo todo, no trabalho, em casa, na rua, mas não temos
consciência disso. Proponho, então, uma pausa para pensarmos um pouco sobre nossa história de leitura.
Além dos sentidos, sentimentos e emoções são fatores que colaboram com nossas leituras e marcam
gostosas ou desastrosas experiências. Espero que você não tenha nenhum relato sobre leitura, vivido na
infância ou na adolescência, tão sofrido ou humilhante quanto o da personagem do conto Felicidade
clandestina, da grande escritora Clarice Lispector.

Felicidade clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto
enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos
da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias
gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A  senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser”. Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase
puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
-------------------------------------------------
Gostou do texto? Esse conto suscitou lembranças de suas (des) aventuras no mundo da leitura?
Lembra-se se ouvia ou lia contos de fada na infância? Recorda-se dos textos obrigatórios na escola? Você
tinha (ou tem) aquele avô que contava os causos do interior de pessoas que juravam ver assombrações?
Sua adolescência foi marcada por leitura apaixonante? Um único tipo de texto ou autor?
E hoje? Entre os elencados abaixo, o que você lê regularmente?
 jornais
 histórias em quadrinhos
 revistas semanais
 best-sellers
 romances
 Bíblia
 e-mail
 outros


Sua leitura pode ser frequente em relação ao lado prático da vida, restringindo-se, por exemplo,a e-mails. Ou você lê bastante por prazer, estendendo sua leitura a textos de ficção ou histórias em quadrinhos? Talvez você seja aquele leitor sempre “antenado” nos acontecimentos relevantes do país e do mundo e, por exemplo, leia habitualmente revistas semanais de notícias.
Você também deve ler para o curso de graduação e pode ser que faça algum outro curso, de inglês, informática etc. Considerando suas leituras em curso e observando a relação descrita a seguir, qual ou
quais opções você assinala e por que é ou são suas leituras regulares?
 obras completas
 artigos
 capítulos de livros
 manuais didáticos
 trechos de livros
 outros


Enfim, o leitor é seduzido pela leitura, desconsiderando-se nesse processo qualquer artifício que possa torná-la uma obrigação. Antes de ser apreendido, um texto escrito, um livro, um gibi é um objeto, tem forma, cor, textura.
Tradicionalmente, em situação de ensino, nós lemos para aprender a ler, para buscar uma resposta etc., enquanto no cotidiano a leitura é regida por outros objetivos, que conformam nosso comportamento de leitor e nossa atitude frente ao texto. No dia a dia, nós lemos para agir (ao ler uma placa), ou para sentir prazer (ao ler um gibi ou um romance), ou para nos informarmos (ao ler uma notícia de jornal). Essas leituras, guiadas por diferentes objetivos, produzem efeitos diferentes, que modificam nossa experiência de leitor diante do texto.

Ler é responder a um objetivo, a uma necessidade pessoal.

Reflexão

Escreva um parágrafo sobre o que é leitura e sua importância.

Como lemos

Caro aluno, você tem consciência de como lê? A seguir, encontrará duas palavras enquadradas. Leia-as
em voz alta e de forma rápida.

PLANTAR
CISALHAMENTO

Com certeza você fez um reconhecimento instantâneo ao ler a primeira palavra, como se ela saltasse da folha para os seus olhos. No entanto, ao ler a segunda, provavelmente o fez mais devagar, talvez leu sílaba por sílaba, com exceção do final “mento”, que você reconheceu e leu de um só golpe, globalmente.


Temos, assim, dois modos de ler. Um deles é a leitura global, durante a qual o leitor lê palavra por palavra, reconhecendo-as instantaneamente. Caso não haja esse reconhecimento, o leitor usa outro modo, que é o de análise e síntese: letra por letra ou sílaba por sílaba na leitura de palavra, ou de palavra por palavra na leitura de frases (KATO, 1985).
A leitura global ocorre sempre que o leitor se depara com palavras conhecidas, familiares, na maioria das vezes usadas no cotidiano. A leitura de análise e síntese significa detalhar a palavra ou em letra ou em sílaba e depois relê-la de uma vez. Mesmo aquele leitor acostumado a ler sempre e diversos textos, conhecedor do assunto lido, muitas vezes se depara com palavras desconhecidas.

Uma pessoa que está sendo alfabetizada, ou tem muita dificuldade para ler, tem um processo sofrível
de leitura de palavras simples como plantar: “p... pa... pan... plan... plant..., planta..., plantar”. No caso
aqui exemplificado, a pessoa lê letra por letra para formar sílaba. Quando ela chega à última letra, nem
lembra mais das primeiras (letras).

A leitura relaciona-se à memória. Se a pessoa demora muito para ler uma palavra, se o seu processo
é analítico (letra por letra), a memória não retém as primeiras letras. É a leitura decodificada, na qual o
leitor não terá a compreensão do que leu, não conseguirá dar sentido à palavra.
Durante a leitura, a nossa memória é ativada. Nós temos a memória de curto prazo e a memória de
longo prazo.
A memória de curto prazo funciona para reter, em breve instante, um passado imediato. Smith (1999) nos dá um exemplo: você acabou de procurar um novo número na lista telefônica e tenta discá-lo sem consultar a lista uma segunda vez. Você conseguirá se lembrar dos oito dígitos se alguém, nesse momento, perguntar as horas? Os dígitos desaparecerão de sua mente. A memória de curto prazo, em resumo, tem um limite para o que é capaz de reter e um limite de tempo durante o qual seu conteúdo pode ser retido.

A memória de curto prazo tem capacidade para guardar de seis a sete itens (sejam sete dígitos de telefone, sete palavras ou ideias) e somente pelo tempo que dermos atenção a eles. No momento em que voltamos a atenção, ou mesmo parte da atenção, para outra coisa, algo se perde. Inversamente, enquanto damos atenção ao que está na nossa memória de curto prazo, não podemos prestar atenção em mais nada.

Assim, quando uma pessoa consegue identificar somente quatro, cinco letras na leitura, sua memória de curto prazo ficará ocupada com essas letras e ela não compreenderá a palavra. Quando a pessoa chegar ao ante, já terá esquecido as letras anteriores elef.
Para superar o congestionamento da memória de curto prazo:
• primeiro, a pessoa precisa ler mais rapidamente. Aumentar a velocidade na leitura das palavras.
• segundo, aprender a ler no nível do significado (reter ideias e não palavras).


A memória de longo prazo “é tudo o que nós sabemos sobre o mundo”, como bem resume o especialista em leitura Smith (1999, p. 45). Essa memória é definida por sua grande capacidade de duração. O leitor ativa seus conhecimentos guardados e organizados na memória quando lê e essa
ativação o ajuda a entender o texto.
Esses conhecimentos são:
• de língua: fonológico, morfológico e sintático. O leitor, por exemplo, já tem na memória de longo
prazo a memorização de determinada palavra, reconhece-a quando a lê, sabe o significado dela;
• de texto. O leitor tem na sua memória a estrutura, por exemplo, de texto narrativo. Quando tem em mãos
um conto, um romance, o leitor sabe identificar que o texto é uma história e não um texto opinativo;
• de mundo. O leitor ativa seus conhecimentos de seu mundo social, cultural etc. e os relaciona com o texto lido.

Segundo Kleiman (1997), a compreensão da leitura está relacionada com o conhecimento adquirido ao longo da vida. Seja conhecimento linguístico, textual ou de mundo, todos estão relacionados ao conhecimento prévio, ou seja, relacionados com o contexto e a linguagem habituais e comuns ao leitor. Essa ligação entre texto e leitor proporcionará a interação necessária para a aquisição de novos conhecimentos acerca do assunto discutido na leitura, culminando no entendimento e inclusão do tema no contexto do leitor e, consequentemente, na construção de significados para a leitura. Nesse sentido, Freire (2006, p. 29) conclui:

Desde o começo, na prática democrática e crítica, a leitura do mundo e a leitura da palavra estão dinamicamente juntas. O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de temas significativos à experiência comum dos alfabetizandos e não de palavras e de temas apenas ligados à experiência do educador.

Dessa forma, o conhecimento prévio está relacionado com o contexto e a linguagem e possui grande
relevância na construção de significados para um texto. Segundo Kleiman (1997, p. 25), “a ativação do
conhecimento prévio é, então, essencial à compreensão”, pois o conhecimento permite e possibilita o
estabelecimento da coerência, recurso que, juntamente com a coesão, está disposto no texto de modo
a facilitar a articulação entre as diversas partes que o compõem.

Voltando à pergunta inicial: como você lê? Talvez você tenha pensado, entre exasperado e divertido:
“Ora, eu leio com os olhos!” Pois ao responder dessa maneira você está e não está, ao mesmo tempo,
com a razão!
Você não pode ler com os olhos fechados, ou no escuro, ou se o material impresso estiver ruim.
Ou seja, a visão tem papel a desempenhar na leitura. No entanto, não é suficiente para a leitura, uma
vez que ela é a união da Informação Visual (IV) – o texto – com a Informação Não Visual (I não V)
– conhecimento prévio do leitor.

Consideremos os exemplos apontados por Smith (1999):

1º) Verifique se para fazer uma leitura, depender somente dos olhos é suficiente. Leia a seguir o texto
em sueco:
Det finns inget i l äsningen, care sig man ser.
Se o leitor não tiver conhecimento prévio sobre a língua sueca, não conseguirá ler o texto, mesmo
usando a visão. Há tipos de informação que também são necessários, como conhecer a língua, conhecer
o assunto e ter certa habilidade no ato de ler. Todos esses conhecimentos são I não V.
Quanto mais informação não visual o leitor tiver, menos dependerá da informação visual. Ou vice-versa,
quanto menos I não V, mais o leitor precisará da IV. A leitura de um texto será mais fácil quanto mais
informação prévia você tiver sobre o texto. Por outro lado, o texto de difícil leitura exige mais dos olhos, mais
tempo, melhor luz, melhor impressão.
Como bem esclarece Smith (1999), uma habilidade básica da leitura é usar ao máximo os conhecimentos
prévios que se tem e depender o mínimo da informação proporcionada pelos olhos.

2º) Que decisão o seu cérebro toma quando lê:

210 LI0N STREET

Você viu o número 210 e duas palavras em inglês, Lion Street. Se você checar melhor, verá que o
dígito 0 é exatamente igual à letra O. A informação visual é a mesma, mas o seu cérebro decidiu que um
é número e o outro é letra.
Os olhos olham, mas é o cérebro que vê. Na verdade, os olhos não veem nada, eles colhem a
informação visual na forma de luz e a transformam em impulsos de energia nervosa, que passa pelas
fibras do nervo óptico em direção ao cérebro.
Sobre os olhos, podemos dizer ainda que eles não se movem de forma suave e contínua, a menos
que estejam fixos sobre um objeto em movimento, como um pássaro ou dedo em movimento. Os
olhos pulam esporadicamente de um foco para outro. No caso da leitura, os olhos não se movimentam
suavemente pelas linhas e pela página; movem-se em círculos, saltos e pulos. No jargão da área de
estudo sobre leitura, esse movimento é chamado de sacada.

3º) Este exemplo vamos dividir em duas etapas.

a) Peço a você ver somente de relance, muito rapidamente mesmo, as 26 letras do retângulo:

J L K Y L P A J M R W K H M Y O E Z S X P E S L M B

Das 26 letras, quantas podem ser vistas com um simples olhar? Com certeza, não muitas, talvez
quatro ou cinco letras, porque é quantidade que qualquer pessoa pode ver em uma situação como essa.

A limitação não está nos olhos, mas no cérebro, que precisa lidar com a informação nova e encontrar
sentido nela.

b) Novamente, peço-lhe para dar uma rápida olhada nas 26 letras organizadas a seguir:

A GEADA DANIFICA AS PLANTAÇÕES

Quanto você conseguiu ver das 26 letras? O resultado, dessa vez, certamente é: tudo. Você não viu
somente parte, mas todas as palavras. Afinal, as letras formam uma sequência de palavras que fazem
sentido; sentido esse disponível mais pela I não V do que pela IV.
Há um limite de informação visual com o qual o cérebro pode lidar. Assim, quanto menos informação
não visual, mais rápida e eficazmente o leitor compreende o que lê.
Para uma pessoa se envolver em uma atividade de leitura, é necessário, primeiro, que ela se sinta
capaz de ler.


 Estratégias de leitura

Ser capaz de ler e de compreender o texto é fator essencial para uma pessoa se envolver em uma
atividade de leitura. No entanto, os textos nunca dizem tudo, eles dependem, por conseguinte, do
trabalho interpretativo do leitor; o que não significa que o leitor esteja livre para atribuir qualquer
sentido ao que lê. Na leitura de certos textos, basta ler algumas partes buscando a informação necessária
para encontrá-la; já outros precisam ser lidos várias vezes.
A leitura é, então, o resultado da interação entre o que o leitor já sabe e o que ele retira do texto. Nesse
sentido, a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento
prévio, ou seja, é a partir do conhecimento que o leitor adquire ao longo de sua vida: o conhecimento
linguístico, que corresponde ao vocabulário e às regras da língua; o textual, que engloba as noções e os
conceitos sobre o texto; e o de mundo, que corresponde ao conhecimento pessoal do leitor. Por meio
desses conhecimentos ele irá construir o sentido do texto.
Uma estratégia é um amplo esquema para obter, avaliar e utilizar informação. A leitura, como
qualquer atividade humana, é uma conduta inteligente.
Usamos estratégias na leitura, mas também essas estratégias se desenvolvem e se modificam durante
a leitura. Com efeito, não há maneira de desenvolver estratégias de leitura a não ser por meio da própria
leitura.
Estratégias são procedimentos que abrangem os objetivos da leitura, o planejamento das ações para
atingir os objetivos, sua avaliação e possível mudança. Elas envolvem o cognitivo e o metacognitivo, ou
seja, as estratégias são usadas de forma inconsciente (estratégias cognitivas) ou de forma consciente
(estratégias metacognitivas).

Quando o texto atende às expectativas do leitor, este lê e compreende, utilizando as estratégias
cognitivas inconsciente e automaticamente. Quando o texto não atende à expectativa do leitor, ou seja,
causa algum tipo de dificuldade, o leitor desautomatiza a leitura, conscientizando-se das estratégias e
se faz a seguinte pergunta: o que farei para entender o texto?
Partimos para um exemplo: que grau de dificuldade causa o texto abaixo?
Bye-bye, bonecas e carrinhos
Existe uma fase na vida chamada puberdade. Todos, meninos e meninas, passam por ela entre os 9
e 12 anos.
A puberdade representa a passagem da infância para a adolescência. Ou seja, quem chega a essa etapa
vai deixando de ser criança, mas ainda não é adolescente. A criança torna-se um pré-adolescente.
Nessa fase o corpo começa a ganhar novas características: pelos nascem nas axilas e perto dos
órgãos sexuais, as mamas das meninas começam a aparecer, e o pênis dos meninos vai ficando maior.
Algumas meninas passam a usar sutiã e outras até menstruam. Entre os meninos, é comum surgir o
interesse por revistas que trazem fotos de mulheres nuas, como a Playboy.
Com as transformações da puberdade, é comum surgirem dúvidas e curiosidades (CAVALCANTI, 1998).
-------------------------------------------------
O grau de dificuldade, com certeza, é zero. Você leu o texto sem nenhum sobressalto, empregando as
estratégias de leitura de forma inconsciente. Você conhece o assunto, a palavra puberdade é explicada no
próprio texto, as frases, em sua maioria, estão na ordem direta (sujeito e verbo), não existe contradição
nas informações do texto.
Uma das estratégias cognitivas da leitura, que rege o comportamento inconsciente e automático
do leitor, é o princípio da economia. O leitor tende a reduzir, ao menor número, personagem, objeto,
processo e evento à medida que vai lendo. O leitor é ajudado nessa tendência, porque o próprio texto
tem repetição de termo, substituição de palavra, pronomes, frases definidas.
Por exemplo: “Existe uma fase na vida chamada puberdade. Todos, meninos e meninas,
passam por ela entre os 9 e 12 anos”. Nesse trecho, o leitor depara-se com frase que define um
termo (puberdade) e com substituição de termo (“fase na vida chamada puberdade” é repetida
e substituída pelo termo “ela”). Nós não temos duas informações diferentes entre “fase na vida
chamada puberdade” e “ela”.
Outra estratégia cognitiva é a de canonicidade, relacionada à expectativa do leitor em relação à
ordem natural do mundo, como: causa antes do efeito, ação antes do resultado. Isso significa que o
leitor espera frases lineares: sujeito e depois verbo; sujeito, verbo e depois complemento do verbo;
sujeito, verbo, complemento do verbo e depois advérbio, e assim por diante.

Um exemplo famoso de texto que causa dificuldade, porque não segue a ordem direta da frase, é o
nosso Hino Nacional. Vamos ler o seu início:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
A ordem direta é sujeito + verbo + complemento. Nessa ordem, o Hino ficaria: as margens plácidas
do (rio) Ipiranga + ouviram + o brado retumbante de um povo heroico. Como todo texto que não segue
a ordem direta, o Hino Nacional causa dificuldade no leitor.
A terceira estratégia é a da coerência. O leitor escolhe uma interpretação que torne o texto coerente.
O texto tem que seguir a regra de não contradição, que é não apresentar nenhuma informação que
contradiga o seu conteúdo.
A última estratégia cognitiva é a da relevância, que é a escolha da informação mais relevante para o
desenvolvimento do tema por parte do leitor. Essa estratégia leva o leitor a identificar a ideia principal
do texto, a resumi-lo e a usar a sua estrutura; enfim, é a estratégia que serve para extrair o que é
importante no texto para o leitor.
É importante saber, caro aluno, que existe a informação textual e a contextual. A ideia principal
do autor é a informação textual, e a ideia principal para o leitor é a contextual. A informação
importante textualmente, porém, pode não ser considerada pelo leitor, pois como ele tem um
motivo para ler, pode considerar como fundamental uma ideia secundária. Um leitor experiente
busca as duas informações: a importante, permeada no texto, e a dele, que responde a seu objetivo
de leitura.
O resumo, estratégia desse processo, mostra a capacidade do leitor de detectar a ideia principal e
tem três objetivos: conservar a informação essencial, economizando palavras, eliminando informações
redundantes e secundárias, substituir elementos e ações por termos generalizantes, e adaptar-se a cada
tipo de público.
Usar a estrutura do texto para compreendê-lo melhor é outro recurso dessa última estratégia. No
caso do texto narrativo, essa compreensão ocorre por meio das categorias da narrativa: exposição,
acontecimento desencadeado, complicação, resolução, fim e moral.
As estratégias metacognitivas, por sua vez, são operações realizadas com algum objetivo em
mente, sobre as quais há controle consciente: o leitor é capaz de dizer e explicar a sua ação. Essas
estratégias regulam a desautomatização consciente das estratégias cognitivas. Nesse sentido, por meio
da autoavaliação da própria compreensão e da determinação de objetivos para a leitura, os leitores são
capazes de dizer o que não entendem sobre o texto e para que o estão lendo.
Quando o leitor sabe que não está entendendo o texto, pode lançar mão de vários expedientes, tais
como: voltar e reler; procurar o significado de uma palavra no dicionário; procurar o significado de
um termo recorrente no texto; fazer um resumo do que leu; procurar um exemplo para um conceito.

Dependendo de sua dificuldade, o leitor cria formas de resolver o problema. Para tanto, é preciso que ele
tenha consciência de sua falha de compreensão.
As estratégias cognitivas são aquelas inconscientes para o leitor, as que ele realiza para atingir
seu objetivo de leitura. Trata-se de um conhecimento implícito, não verbalizado, são os chamados
“automatismos” da leitura. Esse conhecimento abrange desde aquele sobre como pronunciar o português,
passando pelo conhecimento do vocabulário, até o conhecimento sobre o uso da língua. Essas estratégias
regem o comportamento automático e inconsciente do leitor. O leitor proficiente tem flexibilidade e
independência na leitura. Ele dispõe de vários procedimentos para chegar aonde quer, ou seja, ele regula
o próprio conhecimento ou consegue chegar aonde sua vontade consciente determina.
A determinação de objetivos é um recurso que possibilita a leitura e a compreensão dos textos e é
desenvolvida e aprimorada pelo próprio leitor, convertendo-se em uma estratégia metacognitiva. De acordo
com Kleiman (1997, p. 34), “uma estratégia de controle e regulamento do próprio conhecimento”, que envolve, além dos objetivos, a formulação de hipóteses, atividades que necessitam de reflexão e controle consciente sobre o próprio conhecimento, sobre o próprio fazer, sobre a própria capacidade. Elas se opõem aos automatismos e mecanicismos típicos do passar do olho que muitas vezes é tido como leitura na escola.

Temos, assim, as seguintes estratégias metacognitivas:

Estratégia de previsão: torna possível prever o que ainda está por vir com base em suposições, ou
seja, por meio do gênero de texto, do autor ou mesmo do título. É possível verificar diversos indícios que
muitas vezes nos informam o que encontraremos no texto. O conhecimento prévio do leitor – “sua visão
de mundo” – facilitará essa estratégia. Cabe a ele uma prévia análise desses indícios antes da leitura.
O título, por exemplo, leva-nos a imaginar sobre o gênero do texto (se é poema, conto, artigo
científico etc.), sobre o assunto tratado por ele, entre outras previsões. Ou seja, o título cria
expectativa no leitor.

Exemplo de aplicação

1) Qual dos livros seguintes você escolheria apenas pelo título?
a) A breve segunda vida de Bree Tanner.
b) A fúria.
c) A batalha do labirinto.
d) Centenário do Corinthians.
e) Cem anos de solidão.
Comentário
Caro aluno, não existe resposta certa ou errada. A expectativa que nós criamos é variável e só é
válida quando não conhecemos o texto.

2) Que expectativa criam os títulos seguintes?
a) O evangelho segundo Jesus Cristo.
b) Lavoura arcaica.
c) Espelho.
d) Fugidinha.
e) Sim senhor.
f) Agente 86.

Comentário

Se você, por um acaso, já leu todos os livros que levam os títulos anteriores, não fará previsão;
você terá certeza sobre o assunto que cada um deles trata. As atividades de estratégia de previsão
somente são válidas quando o leitor ainda não leu o texto ou está lendo e imagina o que poderá
acontecer em seguida.

3) Reflitamos sobre o título “Chef profissional”. Em que tipo de texto o título é adequado? Qual o
assunto provável?

Comentário

Se você souber que a palavra chef é geralmente associada ao profissional que cria receitas
culinárias, prepara pratos considerados criativos e de alta qualidade, então você imaginará que o
tipo de texto é técnico, destinado a um público especializado na área, e o assunto provável será
como preparar certos pratos ou como agir em seu local de trabalho ou outro assunto ligado ao
métier desse profissional.
Há dois tipos de previsão: um, que se baseia no conteúdo do texto, e outro, na estrutura. Previsões
sobre o texto narrativo, por exemplo, podem ocorrer por meio das características das personagens,
da ilustração, do título, dos conhecimentos prévios dos gêneros literários. As previsões sobre o texto
informativo podem ser feitas a partir dos conhecimentos anteriores do leitor sobre o assunto, sobre a
estrutura dos textos informativos e os indícios como cabeçalho, título, introdução, figura etc.
Estratégia de inferência: permite captar o que não foi dito no texto de forma explícita. A inferência é
aquilo que lemos, mas não está escrito, como explica o seguinte exemplo: “Batiam um prego na parede”.
Podemos entender que batiam com um martelo, embora não esteja explícito.
Estratégia de visualização: a visualização consiste nas imagens mentais, como cenários e figuras.
É uma forma de inferência, em que o leitor faz elaboração de significados do texto, seja de ficção
ou não ficção. Essa estratégia eleva o nível de interesse do leitor, porque se ele consegue visualizar o
que lê, ele dá continuidade à leitura, consegue entender melhor o texto. Ressalto que as imagens são
profundamente pessoais.

Estratégia de seleção: permite que o leitor se atenha às palavras “úteis”, desprezando as irrelevantes.
Um exemplo seria fixar-se no substantivo em vez de no artigo que o antecede, pois quem determina o
gênero é o substantivo.
Estratégia de pensamento em voz alta: é quando o leitor verbaliza seu pensamento enquanto lê. Ele
faz reflexões sobre o conteúdo que está assimilando em voz alta.
Estratégia de questionamento: é fazer perguntas ao texto desde o início até o fim da leitura,
objetivando o melhor entendimento. Ex.: Qual é a informação essencial proporcionada pelo texto e
necessária para conseguir o meu objetivo na leitura?
Estratégia de conexão: relacionar o que se lê com os conhecimentos prévios. Há três tipos de conexão:
1. De texto para texto: relação entre o texto lido com outros textos.
2. De texto para leitor: conexão entre o que o leitor lê e os episódios de sua vida.
3. De texto para mundo: conexão entre o texto lido e algum acontecimento mais global.
As estudiosas Bencke e Gabriel (2009) fizeram um interessante e útil levantamento das estratégias
que os leitores usam para compreender o texto. A lista é longa, mas essencial.

Descrição da estratégia
01 Estabelecer um objetivo geral para a leitura.
02 Verificar se o que vou ler viabiliza o meu objetivo.
03 Examinar ligeiramente o texto inteiro.
04 Dar uma olhada geral no texto para ver do que trata.
05 Dar uma olhada na quantidade de páginas do texto.
06 Ver como é a organização e a sequência do texto.
07 Organizar um roteiro para ler.
08 Identificar as dicas do texto que permitiriam formular hipóteses corretas sobre o seu conteúdo
antes da leitura.
09 Levantar hipóteses sobre o conteúdo do texto.
10 Supor qual será o conteúdo por conhecer quem é o autor.
11 Supor qual será o conteúdo pelo título.
12 Ler um texto a partir das hipóteses e questões levantadas.
13 Deduzir informações do texto para melhor compreendê-lo.

14 Fazer suposições sobre o significado de um trecho do texto, quando não entendo.
15 Verificar se as hipóteses sobre o conteúdo do texto estão certas ou erradas.
16 Pensar sobre por que fiz algumas suposições certas e outras erradas sobre o texto.
17 Verificar o que já sei e conheço sobre o assunto tratado pelo texto.
18 Relacionar o assunto do texto com o que já conheço sobre o assunto.
19 Consultar o dicionário para entender o significado de palavras novas.
20 Consultar fonte externa quando não compreendo palavra, frase, parágrafo.
21 Dar continuidade à leitura quando não compreendo palavra, frase, parágrafo.
22 Fixar a atenção em determinados trechos do texto.
23 Ler as informações importantes com atenção e as outras superficialmente.
24 Ficar atento a nomes, datas, épocas e locais que aparecem no texto para poder compreendê-lo.
25 Ler com atenção e devagar para ter certeza de que estou entendendo o texto.
26 Concentrar-me na leitura quando o texto é difícil.
27 Fazer perguntas sobre o conteúdo do texto.
28 Questionar o texto para entendê-lo melhor.
29 Tentar responder às questões que fiz sobre o texto para ver se o estou entendendo.
30 Responder às questões que fiz sobre o texto.
31 Fazer anotações ao lado do texto.
32 Fazer anotações sobre os pontos mais importantes do texto.
33 Fazer anotações no texto para entendê-lo melhor.
34 Grifar o texto para destacar as informações que considero importantes.
35 Usar marca-texto para destacar as informações que acho importantes para lembrá-las depois.
36 Relembrar os principais pontos do texto.
37 Relembrar os principais pontos do texto para verificar se os compreendi totalmente.
38 Criar imagens mentais de conceitos ou fatos descritos no texto.
39 Visualizar a informação do texto para lembrá-la melhor.
40 Escrever com minhas palavras as informações que destaquei como as mais importantes.
41 Fazer lista dos tópicos mais importantes do texto.
42 Listar as informações que entendi com facilidade.
43 Fazer um resumo do texto.
44 Fazer um resumo do texto para organizar as informações mais importantes.
45 Copiar os trechos mais importantes do texto.
46 Fazer um esquema do texto para relacionar as informações importantes.
47 Pensar em maneiras alternativas de ler o texto para entendê-lo.
48 Fazer algumas interrupções na leitura para ver se estou entendendo o texto.
49 Parar para refletir se compreendi bem, ou não, o que li.
50 Avaliar quanto entendi do texto e voltar àquelas partes em que não me sinto seguro.
51 Reler trechos quando encontro alguma informação que considero difícil de entender.
52 Reler trechos para inter-relacionar as informações do texto.
53 Voltar a ler alguns parágrafos ou páginas quando me distraio.
54 Fazer a releitura do texto.
55 Voltar ao texto e reler os pontos mais significativos.
56 Reler o texto várias vezes quando tenho dificuldade para entendê-lo.
57 Reler em voz alta os trechos que não compreendi.
58 Ler em voz alta quando o texto é difícil.
59 Analisar se as informações são lógicas e fazem sentido.
60 Analisar as figuras, os gráficos e as tabelas referentes às informações do texto.
61 Interpretar o que o autor quis dizer.
62 Pensar acerca de implicações ou consequências do que diz o texto.
63 Diferenciar as informações da opinião do autor.
64 Opinar sobre as informações do texto.
65 Fazer comentários críticos sobre o texto.
66 Verificar se atingi o objetivo que havia estabelecido para a leitura.
67 Conversar com meus colegas sobre os textos que li para ver se, de fato, entendi o texto lido.
-------------------------------------------------
Permeando todas as estratégias cognitivas, existem, então, as metacognitivas, que dizem respeito
aos conhecimentos do leitor sobre o processo de leitura. As estratégias metacognitivas têm também a
ver com a capacidade do leitor de perceber quando não compreende um texto e utilizar, nesse caso,
estratégias apropriadas para resolver o problema.

O leitor consciente tem conhecimento de seus recursos e de seus limites cognitivos, de seus interesses
e motivações, das intenções do autor e das estratégias. Ele também sabe quando compreende ou não
o texto; o que compreende ou não; de que precisa para a compreensão e o que pode fazer quando não
acontece a compreensão.
Espero que este nosso livro-texto o ajude, caro aluno, justamente a tomar consciência sobre seu
desempenho e a superação de seus problemas (quando os houver) para a compreensão leitora.
Exemplo de aplicação
As propostas de atividades seguintes sobre estratégias de leitura são da pesquisadora Souza (2010).
Com base no poema de Manuel Bandeira, faça as atividades, quando possível.
Porquinho-da-índia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração eu tinha
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,
Ele não se importava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
– O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.



 Leitura como aspecto social

O ato de ler é um processo abrangente e complexo. É um processo de compreensão, de entender o
mundo a partir de uma característica particular do homem: sua capacidade de interação com o outro
por meio das palavras, que, por sua vez, estão sempre submetidas a um contexto.
A leitura, dessa forma, nunca poderá ser entendida como um ato passivo, pois quem escreve o faz
pressupondo o outro. Ou seja, a interação leitor-texto se faz presente desde o início da construção do
texto.
Segundo Souza (2010, p. 22), a leitura é, basicamente, o ato de perceber e atribuir significados por
meio de uma conjunção de fatores pessoais com as circunstâncias, como o momento e o lugar. Diz ela
que ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto e que esse processo
leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade.
Um leitor crítico não é apenas um decifrador de sinais. Ele é aquele que se coloca como coenunciador,
travando um diálogo com o escritor, sendo capaz de construir o universo textual e produtivo na medida
em que refaz o percurso do autor, instituindo-se como sujeito do processo de ler.
Nessa concepção de leitura, em que o leitor dialoga com o autor, a leitura se torna uma atividade
social de alcance político. Ao permitir a interação entre os indivíduos, a ação de ler não pode ser
entendida apenas como a decodificação de símbolos gráficos, mas sim como a leitura do mundo, que
deve ser constituída de sujeitos capazes de compreender o mundo e nele atuar como cidadãos.
A leitura crítica sempre leva à produção ou construção de outro texto: o do próprio leitor. Em outras
palavras, a leitura crítica sempre gera expressão: o desvelamento do ser leitor. Assim, esse tipo de leitura é
muito mais do que um simples processo de apropriação de significado; a leitura crítica deve ser caracterizada
como um estudo, pois se concretiza numa proposta pensada pelo ser no mundo dirigido ao outro.

O leitor se institui no texto em duas instâncias:
• No nível pragmático: o texto, enquanto objeto veiculador de uma mensagem, está atento em relação
ao seu destinatário, mobilizando estratégias que tornem possível e facilitem a comunicação.
• No nível linguístico-semântico: o texto é uma potencialidade significativa que se atualiza
no ato da leitura, levado a efeito por um leitor instituído no próprio texto, capaz de
reconstruir o universo representado a partir das indicações, das pistas gramaticais que lhe
são fornecidas.
Essa é uma perspectiva que concebe a leitura como um processo de compreensão amplo, envolvendo
aspectos sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos
e políticos.
O leitor atribui significados ao texto e, nessa atribuição, há que se levar em conta a interferência da
bagagem cultural do receptor sobre o processo de decodificação e interpretação da mensagem. Assim,
no momento da leitura, o leitor interpreta o signo sob a influência de todas as suas experiências com o
mundo, ou seja, sua memória cultural é que direcionará as decodificações futuras.

 Leitura na formação profissional

Existem outros tipos de texto além dos literários (poemas, contos etc.) ou do cotidiano (conversação,
e-mail etc.).
Na área profissional existem os textos técnicos, muitos, e também os livros-texto. O profissional lê
esse material à procura de informações específicas. Fora esses instrumentos, muitos outros livros são
mais olhados do que estudados, uma vez que o leitor busca referências, sendo desnecessário mergulhar
totalmente em todos eles.
Dicionários, listas telefônicas, enciclopédias, catálogos, registros e bibliografias são outros textos
procurados por profissionais de várias áreas. Contudo, esses leitores nunca leriam do início ao fim esses
textos.
Incluímos também textos que podem ser entregues aos profissionais: carta, formulário, contas,
revistas, periódicos, anúncios.
Atualmente, livros de autoajuda também fazem parte da lista de textos lidos pelos profissionais, como
aponta interessante estudo sobre o que os profissionais leem. No resultado aparecem os livros de autoajuda,
especialmente os que tratam do mundo do trabalho, do universo profissional. Leia a seguir esse estudo:
Estudo mostra impacto dos livros de autoajuda
Os livros de autoajuda profissional constituem o mais recente fenômeno do setor editorial brasileiro.
Um dos segmentos com maior crescimento, é também o responsável pelos novos best-sellers do mercado.
Exemplo recente é O monge e o executivo, que já vendeu mais de 1,1 milhão de cópias no Brasil.
A receptividade é tão grande, que muitas editoras estão aumentando os lançamentos na área,
também chamada light business. Quase 95% do catálogo de títulos da Sextante, que detém os
direitos da obra citada, é composto de livros de autoajuda profissional. Graças a esse segmento, a editora cresceu 60% nos últimos dois anos. Do faturamento da Campus/Elsevier, uma das principais
editoras de livros de negócios do país, 10% provêm do light business.
Em relação ao perfil dos leitores, a procura por esses livros parece não ter restrições em relação a
idade, sexo ou cargos. De estagiários aos principais executivos das empresas, todos parecem recorrer,
com maior ou menor frequência, a esse tipo de leitura. Em recente pesquisa realizada pela revista Exame
com 30 presidentes de grandes empresas (edição 879), 57% afirmaram ter lido pelo menos um livro
desse segmento nos últimos 12 meses, sendo o mais citado O monge e o executivo.

Para entender melhor o que é e qual a extensão desse fenômeno, o Ateliê de Pesquisa Organizacional
realizou um estudo sobre a influência que os livros de autoajuda profissional exercem em profissionais e
executivos, e qual o seu impacto sobre as empresas, principalmente na gestão e no desenvolvimento de
pessoas. A pesquisa qualitativa foi realizada com quatro grupos de discussão, compostos por profissionais/
leitores, gestores/leitores e profissionais e gestores/não leitores, com idade entre 28 e 35 anos.
Os resultados são bastante reveladores, sobretudo no que diz respeito ao relacionamento entre os

profissionais, seus colegas, superiores e a própria empresa. De acordo com Suzy Zveilbil, sócia do Ateliê
e diretora da ComSenso Agência de Estudos do Comportamento Humano, fica clara a relação entre o
cotidiano do trabalho e a busca por essa literatura.

“A pressão, o estresse e a sobrecarga do dia a dia acabam atropelando o bom senso e o tempo de
condução de algumas ações, principalmente na gestão de pessoas e no desenvolvimento profissional.
Nesse contexto, o livro de autoajuda exerce um papel importante na vida de seus leitores, dando sentido
a diversas dúvidas e inseguranças cotidianas. Por ser uma leitura fácil e acessível, recoloca o leitor diante
de alguma situação desejada”, explica Zveilbil.

Segundo os participantes da pesquisa, os livros de autoajuda profissional:
– ocupam um espaço, antes vazio, na busca de respostas.
– preenchem as expectativas de dar rumo a situações obscuras.
– oferecem maior segurança para lidar com o cotidiano de trabalho.
– encaminham ações e confirmam ou criam novas perspectivas ou percepções.
Outra função essencial é a de “humanizar” o ambiente de trabalho. “É curioso destacar que as
pessoas acabam recorrendo a um recurso impessoal (livro) para, justamente, combater a frieza e a
impessoalidade do trabalho”, destaca Suzy. “Nesse aspecto”, diz ela, “ele cumpre a função de substituir
a relação com o outro (chefe, pai, conselheiro ou qualquer outra autoridade). Afinal, o outro não está
sempre disponível, não está na ‘prateleira’. O livro serve, então, como mediador mudo das relações”.
Em geral, os livros são indicados ou recomendados pelos colegas de trabalho, amigos e parentes.

Muitos também escolhem os livros pela indicação de revistas, na internet ou mesmo não tendo
critérios preestabelecidos: simplesmente vão à livraria e compram o livro com o tema ou o título mais
interessante. Fora O monge e o executivo, entre os mais citados estão Quem mexeu no meu queijo?,
Pai rico, pai pobre, A arte da guerra e O gerente minuto. Os autores mais lembrados são Lair Ribeiro,
Içami Tiba, Roberto Shinyashiki e Luis Marins.
A percepção sobre os resultados desses livros, porém, varia muito de acordo com as pessoas,
independentemente de serem leitores ou não leitores. Para a diretora do Ateliê, existe uma segmentação
que varia de acordo com o interesse e a relação entre o leitor e o livro. O estudo constatou a existência
de cinco perfis distintos:

Religiosos: sempre estão lendo algum livro de autoajuda. Recorrem a eles sempre que necessitam
e tentam convencer colegas e amigos sobre a importância dos efeitos da leitura.

Criteriosos: selecionam a leitura por temas relevantes. Leem livros indicados e recomendados por
conhecidos e têm noção que aproveitarão apenas parte do conteúdo, não o todo.

Enrustidos: afirmam que leem, mas tendem a explicar muito que é uma leitura ocasional. Não
assumem nada que comprometa sua imagem de leitor independente e eventual. Sabem que há
preconceito e preferem evitar críticas e confrontos.

Complacentes: mesmo recomendados, os livros de autoajuda são vistos como superficiais e pouco
convincentes. Acreditam que é um nicho importante para algumas pessoas e tendem a defender aqueles
que leem.

Céticos: são muito críticos em relação aos livros de autoajuda profissional e a seus leitores. Não
leem essa literatura de forma nenhuma e acreditam que esses livros são totalmente comerciais e de
aproveitamento “zero”. Defendem outros meios de desenvolvimento profissional.

Entre os adeptos (religiosos e criteriosos), muitos chegam a dizer que se formam e desenvolvem
praticamente apenas com os livros de autoajuda. Em alguns grupos, ler é uma forma de pertencer a
esses grupos.

Os que encaram esse tipo de literatura com mais reservas reconhecem a superficialidade com que
os temas são abordados. “Entretanto, dependendo do efeito que geram, os livros acabam tornando-se a
superficialidade com cara de profundidade”, avalia Suzy.
O estudo do Ateliê de Pesquisa Organizacional também indica que os profissionais podem ser
induzidos à leitura pelas empresas, sob diversas formas. Em muitas organizações, os livros de autoajuda
servem como um dos recursos utilizados pela área de RH para se aproximar do funcionário. Em outros
casos, os livros são recomendados pelos gestores a suas equipes. E há também cursos e treinamentos em
que a leitura dessas obras é indicada ou exigida como parte do processo.
Para Luis Felipe Cortoni, sócio do Ateliê e diretor da LCZ Consultoria, os resultados do estudo revelam
condutas que precisam ser reavaliadas pelas empresas. “A pesquisa mostrou que a própria área de RH
oficializa a indicação desses livros e que muitos adeptos se formam e se desenvolvem somente com esse
tipo de ajuda. É preciso refletir o que isso significa em termos de consistência nas competências desses
profissionais e qual o real impacto para os negócios”, questiona Cortoni. “Será que os líderes e gestores
são formados dessa maneira? Até que ponto isso é benéfico?”, pergunta ele.
Na sua avaliação, a postura do gestor que também indica livros de autoajuda para seus colaboradores
também merece uma reflexão. “Quando ele toma essa atitude, está substituindo seu papel de ‘coach’ ou
indicar esses livros faz parte desse papel? O livro fala o que o chefe quer ou deveria falar: de novo, um
diálogo mediado por um mudo.”1
-------------------------------------------------
Não existe uma estratégia específica de leitura para profissionais. Os leitores fluentes em todos os
aspectos da leitura têm sua atenção direcionada à informação mais relevante para suas finalidades.
A maneira seletiva como leem todos os tipos de texto significa que não extraem todas as informações
que o autor lhes fornece, mas procuram deliberadamente somente a informação de que precisam, como
se procurassem em um mapa um caminho entre dois lugares.

Resumo do perfil de leitor profissional:
• Leitor estabelece um objetivo para cada leitura.
• Avalia o próprio comportamento durante o ato de ler.
• Aprende a detectar ambiguidades e incoerências do texto.
• Aprende a resolver problemas de compreensão selecionando as estratégias adequadas.
• Adota diferentes estilos de leitura para diferentes materiais e para atingir diferentes objetivos.
• Questiona o que lê.

Reflexão: qual é a importância das estratégias elencadas a seguir para um tipo de texto como o do
quadro seguinte?

Estratégias:
• Avaliar a exatidão das informações.
• Avaliar a superficialidade/profundidade com que o tema foi tratado pelo autor.
• Reconhecer ambiguidades, confusões e imprecisões.
• Valorizar a pertinência ou o alcance das conclusões ou generalizações.

Texto:

Câmbio
moeda compra venda var. %
dólar 1,7198 1,7208 1,00%
libra 2,7126 2,7185 0,48%
euro 2,3721 2,3735 0,28%

Leitura de texto literário

A intenção do texto literário é o estético, ou seja, o trabalho que o autor faz com a palavra. O autor
nunca diz tudo de forma explícita, ele leva o leitor a inferir, imaginar, criar e completar o texto lido. Ler
texto literário envolve, então, estratégias como explicar e aclarar significados obscuros, sugeridos e/ou
explícitos.
Outro aspecto da leitura literária é o objetivo. Dificilmente uma pessoa lê um romance de 300
páginas para buscar uma informação que ela encontraria facilmente em uma enciclopédia. O objetivo é
outro: é promover, valorizar e desfrutar do mundo estético-artístico do texto literário.
Para a obtenção desse efeito estético-literário, consideramos:

• a leitura pela própria leitura, sem fins práticos;
• não padronização da leitura com esquemas rígidos;
• recriação de textos literários como ilustração, comentário etc.;
• confrontação de opiniões entre os leitores;
• ativação da cultura por parte do leitor.
Um aspecto importante a ressaltar é a relação entre a leitura de texto literário e o sentido literal/não
literal.
O sentido literal é o básico, construído como preferencial pelo leitor. O sentido literal é um efeito
do funcionamento da língua e não uma simples propriedade imanente da palavra (MARCUSCHI,
2008).
O sentido não literal sempre foi distinto do sentido literal e é associado ao texto e ao autor. O
sentido não literal não é convencional e se dá nas metáforas, atos de fala indiretos, implicações,
ironias.

Podemos afirmar que o sentido pode ser identificado
em três aspectos:

1. Linguístico: o sentido se acha nos usos comuns do dicionário.
2. Psicológico: o sentido se dá pelo uso intencional.
3. Interacional: o sentido ocorre no processo interativo entre o leitor e o texto (autor).

Na leitura de texto literário, os sentidos dependem do contexto da língua. O leitor pode não ter
dificuldade em relação ao tema, mas pode encontrar muita dificuldade na forma como o autor usou a
língua: palavras polissêmicas, estrutura da frase indireta etc.
De forma geral, a fruição estética do texto literário deve começar de um gosto pessoal por envolver
tanto o lado racional-intelectual do leitor quanto o lado emocional-afetivo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pessoal comentem, aguardo suas criticas e opiniões.