segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LIVRO: SAFÁRI DE ESTRATÉGIA: Um Roteiro Pela Selva do Planejamento Estratégico - Parte II



Autores: Mintzberg. Henry, Bruce Ahlstrand, Joseph Lampel, Safári de estratégia: Um roteiro pela selva do planejamento estratégico, Porto Alegre, Bookman, 2010.

Agora vamos comentar e estudar sobre mais três escolas que Mintzberg et al, apresenta em seu livro.


Escola Empreendedora: 

Essa escola mantém-se em uma posição mediana diferente da escola de design, ela é focado na “visão”, termo usado pelo autor para referir-se a uma representação onde podemos obter um norte daquilo que precisa ser feito ou decidido perante uma ação, essa escola tende a ser menos coletiva e cultural.

A escola empreendedora teve sua origem na economia, pelo fato de que o empreendedor tinha uma grande importância na economia, era quem decidia a quantidade a ser produzida e seu preço final, porém na economia essa visão do empreendedor foi considerada uma grande falha da teoria. O empreendedor é uma pessoa com ideias inovadoras e de negócio, e não somente alguém que investe em capital inicial ou em um novo produto, mas sim, um individuo que pode tronar essas ideias em poderosas soluções lucrativas.

Schumpeter (1934) apud Mintzberg (2010) procurou esclarecer que a visão do empreendedor é menos irrefutável:


“... O que fizerem os empreendedores. Eles não acumularam bens, não criaram meio de produção, mas empregaram os meios de produção existentes de maneira diferente, mais vantajosa. Eles implantaram novas combinações... E seu lucro, o excedente, ao que nenhuma dívida corresponde, é um lucro empreendedor” (Schumpeter. 1934 pág. 132. apud Mintzberg. 2010 pág. 129).

O empreendedor faz um processo de uma nova forma a partir de uma já existente, crê-se que ele usa o já existente (teoria ou produto), para desempenhar novos papeis para o mesmo.
Com base no termo usado de visão anteriormente o autor nos exemplifica o termo ver como um pensamento estratégico, sendo eles:


1-             Ver a frente e ver atrás: Não podemos formular uma visão do futuro, se não conhecemos e compreendermos o passado.

2-             Ver de cima e ver abaixo: É necessário conhecer os dois aspectos, para poder observar de cima, mas também saber o que acontece com o abaixo.

3-             Ver para os lados e ver além: Precisa-se ver para os lados para entender como funciona o pensamento lateral também chamado pensamento estratégicos, a muito mais neste mundo que não podemos controlar então se faz necessário que o empreendedor tenha uma visão além, conheça aonde quer chegar, qual seu futuro esperado, “sonha” com um mundo e constrói um futuro.

4-             Ver através: O empreendedor precisa ver através de suas realizações para defender uma estratégia de futuro.

Todo esse processo de ver reúne uma estratégia que define uma visão empreendedora desta escola. Infelizmente foram poucos autores que seguiram o passo de Schumpeter, podemos identificar Cole (1959), Kirzner (1997) e Casson (2005). Muitos dos desenvolvedores desta escola partiram de lideranças baseadas na visão estratégica defendendo-a como o sucesso organizacional. A personalidade empreendedora foi estudada e focalizada nesse contexto, o autor sita alguns personagens que fizeram estudos sobre a mesma:

...”Manfed Kets de Vries, por exemplo, referiu-se ao empreendedor como o ultimo cavaleiro solitário em um artigo de 1977 (34), e publicou outro em 1985 sobre “O Lado Sombrio do Espírito Empreendedor”. Quase 30 anos depois, John Gartner (2005) foi surpreendido pela similaridade entre a descrição didática de pacientes hipomaníacos na psiquiatria e as descrições de empreendedores da internet na imprensa. Ele compilou os traços básicos do hipomaníaco e perguntou então a dez CEO’s da internet se aqueles aspectos descreviam precisamente o típico empreendedor dessa área. Os respondentes em geral concordaram que traços clínicos que descreviam os hipomaníacos caracterizavam os empreendedores.” Mintzberg (2010. Pág. 134).



Dessa forma percebemos que os empreendedores e os hipomaníacos citado pelo autor, compartilham uma mesma maneira de ver a situação e entende-la, também suas ações são igualmente relacionadas, como a propensão de agir impulsivamente, são inquietos e se irritam facilmente, “são impulsionados por poderosas necessidades de realização e independência.” Toda essa reação achou o ponto onde tudo surge como um empreendimento brilhante, é no exato momento em que o empreendedor sofre uma quebra de relação ou como o outro menciona a “deterioração do papel” é aonde ele transforma sua frustação em empreendimento.

As indicações dessa escola é que as organizações com problemas, muitas vezes tem a necessidade de submeter-se a lideres visionários, que realizem mudanças drásticas, para manter-se atuante no mercado competidor.

   Escola Cognitiva: 

Essa escola propõe estudar o campo da psicologia cognitiva voltada para a mente do estrategista, firmando um pensamento no ensino e na prática da estratégia. Num âmbito de dez a quinze anos aponta-se alguns estudiosos que passaram a estudar essa escola muitas vezes associados a outras, assim temos Tripsas e Gavetti (2000), Reger e Huff (1993), Bogner e Thomas (1993) e Lyles (1990).

Nessa escola o processo de pensamento é a estrutura de conhecimento da estratégia, onde a mesma é moldada por experiências diretas. A mesma dar-se-á um analise positivista que trata de uma visão objetiva do mundo porém ainda as imagem que ela capta é distorcidas em partes, essa visão tenta recriar o mundo enquanto a outra passa a acreditar que a cognição cria o mundo. A outra analise é de visão subjetiva onde passa a ter um interpretação do mundo, aqui volta-se para dentro, analisando de que forma a mente faz sua analise sobre aquilo que vemos fora no contesto de comportamento do consumidor, eventos e símbolos expostos.

Essa visão cognitiva fascina em peculiaridade os estudiosos, que tentam entender esse mundo de tomada de decisão, em especial os viés e as distorções que são apresentadas. Essas análises psicológicas abriu novos caminhos na compreensão das consequências obvias para a geração de estratégias, onde com base nesses caminhos surgiu também a teoria prospectiva.

O autor apresenta algumas ilusões que podemos ser pegos pelo viés que confronta a tomada de decisão sendo eles:

- Raciocínio por analogias: Pensa-se que decisões estão corretas, porém a semelhança obtida tornar-se uma analogia da percepção.

- Ilusão de controle: Pensa-se que tudo está ao controle, assim aposta em muitos resultados, porém o controle que se supôs ter pode na verdade ocasionar problemas devido à má percepção.

 - Aumento do comprometimento: Envolve investimentos contínuo e crescente, porém tornam-se resultados fracos e decrescentes.

 - Cálculo de resultado único: Algo pode tornar-se a única alternativa, porém os responsáveis pela decisão pode negar essa alternativa, assim reduz o estresse associado à tomada de decisão mal elaborada.

O autor apresenta as seguintes premissas desta escola cognitiva:

1-             A formação de estratégia é um processo cognitivo que ocorre na mente do estrategista.

2-              As estratégias emergem como perspectivas na forma de conceitos, mapas, esquemas e estruturas, que moldam a maneira como as pessoas lidam com informações vindas do ambiente.

3-             Essas informações fluem por todos os tipos de filtros deturpadores antes de serem decodificados pelos mapas cognitivos.

4-             Como conceitos, as estratégias são difíceis de realizar em primeiro lugar.

Apesar de suas deficiências, ela nos ensina que precisamos entender a mente humana a fim de entender como as estratégias surgem. Essa escola envolve mais estudos psicológicos cognitivos como fornecedores de teoria do que administrativo como consumidor. Estuda-se muito essa teoria na área de comportamento de consumidor visando a analise de suas tomadas de decisões.



1.3         Escola de Aprendizado:


Essa escola sugere que os estudiosos “aprendem ao longo do tempo”, podem dar destaque aos estudos em equipe que essa escola desenvolveu, o autor destaque que deixou de ser uma administração de mudanças e passou a ser uma administração por mudanças.
Varias publicações destacaram-se neste contexto, porém a decolagem deu-se pelo livro Estrategies for Changes: Logical Incrementalism, de James Brian Quinn em 1980.
Foi através desta escola que causou-se um debate quanto ao posicionamento das escolas estudadas anteriormente, pois foi ele que derrubou grande parte das premissas estudadas pelas escolas anteriores voltadas para o racional, a mesma sugere que a imagem tradicional da formulação estratégia foi como o mesmo menciona “fantasia”, adaptável e atraente para alguns gerentes, porém não identifica o que realmente é do dia a dia de uma organização. Nessa escola ela questiona como a estratégia se forma não como são formuladas.
As premissas da escola de aprendizado são:

1-      A natureza complex e imprevisível do ambiente da organização;
2-      O líder deve aprender, mas o principal aprendiz é o sistema coletivo, onde pode ter muitos estrategistas em potencial.
3-      Este aprendizado procede de forma emergente, por meio do comportamento a fim de compreender a ação, e as estratégias podem surgir em todos os lugares, mas uma vez reconhecida podem ser formalmente deliberadas.
4-      O papel da liderança passa a ser de gerenciar processo de aprendizado e não mais de preconceber estratégias deliberadas.
5-      A estratégia passa a ser planos para o futuro, e perspectiva para guiar o comportamento geral.

A escola de aprendizado ensinou os gerentes a verem a estratégia como relacionada diretamente com a aprendizagem, onde entra três conceitos mais influentes segundo ao qual nos mostra o autor são a competência central, intenção estratégias e a alavancagem, sendo esses conceitos mais relacionados com o caráter das empresas do que o próprio processo utilizado pelas mesmas.
Em fim essa escola nos traz uma visão da realidade do estudo da estratégia, que não foi exposto nas escolas anteriores, ela nos mostra como realmente é a ação das empresas perante as condições complexas e dinâmicas, e não o que deveriam fazer.
A escola de aprendizado ela aproveita a iniciativa não importando o quanto as consequências podem ser acidentais, nos mostra como compreender a estratégia como ensinamento pessoal e coletivo, assim como a pratica real.

 continua...





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